Eram três e meia da madrugada e já tinha dado voltas e mais voltas na minha cama, mas não adiantava, não conseguia dormir. Liguei o candeeiro da mesinha de cabeceira que iluminou todo o meu quarto: grande, com uma cama a ocupar o centro, o roupeiro a um dos lados, uma cómoda no canto oposto, uma secretária aos pés da cama onde estava o meu portátil cor-de-rosa da Apple, o meu telemóvel e o meu MP4 e uma cadeira colocada na posição em que eu a tinha deixado quando me deitei. O quarto era todo em tons de rosa, laranja e lilás, com um candeeiro de tecto com orifícios onde e onde, para que a luz o trespassasse e um candeeiro semelhante, mas mais pequeno, na mesinha de cabeceira. No chão, estava um puff deformado devido a ter servido de assento e várias almofadas espalhadas. Mesmo ao lado da secretária, estendia-se uma larga e imponente estante cheia de livros. Uma grande variedade de livros, para dizer a verdade. Desde romances policiais a livros de ficção científica, de grandes colecções ou sagas, até ao mais pequeno livro singelo, havia de tudo.
Libertei-me dos meus lençóis polares, calcei as minhas pantufas felpudas e vesti o meu roupão por cima do pijama. Apaguei a luz do candeeiro para não acordar ninguém, abri a porta do meu quarto, atravessei o corredor com passos silenciosos e dirigi-me para a cozinha, que apenas era iluminada pelos ténues raios de luar que atravessavam as vidraças da porta. Abri o armário dos copos e das canecas e retirei a minha favorita, aquela que tinha pequenas flores laranjas, do estilo havaianas, sobre um fundo amarelo. Fui ao frigorífico e puxei do pacote de leite. Verti um pouco para a caneca e aqueci-o demais no microondas. Adorava a sensação de ter os lábios a ferver, queimados com o leite àquela hora. Desde criança que, sempre que tinha insónias, a minha mãe me levava até à cozinha e me aquecia um pouco de leite naquela caneca. Tornou-se um vício e um hábito, levantar-me sempre que o sono decidia jogar às escondidas comigo, dirigir-me à cozinha e realizar o meu 'ritual'.
Desta vez, não fiquei na cozinha e decidi ir para a sala, sentar-me no sofá e tapar-me com a minha manta multicolor, que estava lá dobrada num canto. O único som que se ouvia era a chuva a cair copiosamente no chão da varanda e as respirações mais ou menos contínuas dos meus pais e do meu irmão mais novo, que dormiam em divisões contíguas. Não acendi a televisão, nem tão pouco o candeeiro de tecto que iluminava toda a sala. Em vez disso, preferi ligar o candeeiro que estava junto ao sofá, que era frequentemente utilizado pelo meu pai quando este sofria do mesmo problema que eu: as terríveis e inoportunas insónias.
Mas ele tinha outro remédio para que estas se afastassem (ou para passar o tempo até à hora de acordar, porque muitas das vezes a falta de sono durava até de manhãzinha): ler. Ele era capaz de ficar horas a fio durante a noite a ler. Lia de tudo, livros, enciclopédias, revistas, jornais, tudo o que estivesse à mão. Mas os seus preferidos eram mesmo os livros, aqueles best-sellers que deveriam ser de leitura obrigatória para todos os comuns mortais. Quando ia a uma livraria, tinha logo de comprar todos os livros que estivessem em promoção, e ainda aqueles que, somente pelo título, lhe despertassem interesse. Nunca soube onde ele arranjara espaço para guardar tantos livros, mas um facto é que nem as bibliotecas municipais se comparavam à nossa biblioteca caseira, que também servia de escritório e fazia muitas vezes lembrar a famosa Biblioteca de Alexandria. O hábito da leitura e de ter muitos livros deveria ser genético e hereditário.
Mas naquela noite chuvosa, algo era diferente, algo tinha perturbado o meu sono. Tinha acordado sobressaltada de um sonho (ou quem sabe, pesadelo, pois sentia-me estranhamente sobressaltada, aparentemente sem razão alguma), mas não me lembrava o que se passara nele. Estranho. Sei que nem sempre nos recordamos dos sonhos que temos, no entanto eu sempre me lembrava de todos os meus sonhos, quer quando acordava de manhã quer quando acordava a meio da noite. Então, o que teria acontecido? Que sonho teria sido tão perturbador ao ponto de não me conseguir lembrar dele e de me deixar irrequieta? Teria algo a ver com algo que se passava no meu dia-a-dia? Ou seria tudo obra do meu subconsciente? Não sabia, apenas sabia que algo me estava a tirar o sono e não me deixava pensar claramente…
To be continued…
Olá xD
ResponderEliminarBem...antes de mais deixa-me dizer-te que este texto é mesmo a tua cara xD...parece que estou a emaginar-te a beber leite a ferver na caneca as florzinhas xD
Gostei...quero ler mais :P
Ha...e a minha frase favorita é "Tornou-se um vício e um hábito, levantar-me sempre que o sono decidia jogar às escondidas comigo, dirigir-me à cozinha e realizar o meu ‘ritual’."
Beijo grande
ADORO-TE ;)
gostei amor +.+
ResponderEliminare o Fábio tem razão, é mesmo a tua cara (: :b
avisa qd tiveres mais :D
amo-te
Pois nos conhecemos xD
ResponderEliminarHa pois é xD...eu tenho sempre razão LOOL
Beijo grande ;)
Hum...xD
ResponderEliminarBem acho que em ingles da aquela pausa LOOL
Mas em portugues também não fica mal!
O que interesa é que a história seja interesante, o que é o caso :P
Beijo grande;)
ADORO-TE
Estou a gostar Porcoo :D
ResponderEliminarAndreia, realmente OMG!!! Eu que nao gosto nada de ler, nem consegui tirar os olhos dos textos, estão mesmo , mesmo , muito bons ))) Beijinho, Continua a escrever tens imenso jeito!!
ResponderEliminarInga